Délia Peixoto – Conflitos dentro do Ambiente de Trabalho
Délia Peixoto
Executiva de Recursos Humanos | Coach Pessoal & Profissional | Psicóloga
Inventus Power | SC Johnson | Technicolor | Nokia | Elcoteq
Conflitos dentro do Ambiente de Trabalho
Tenho atuado na área de Recursos Humanos há tempo suficiente para observar que os conflitos nem sempre recebem o tipo de atenção que parece ser mais apropriada dentro das organizações. Isso acaba ocorrendo pela visão parcial que esta palavra traz, considerando o aspecto da briga e desarmonia que pode acompanhar este tipo de processo. Neste breve artigo, compartilharei algumas formas de pensar sobre o conflito que podem fazer com que você passe a encará-lo de uma maneira diferente da que está habituado.
Antes de mais nada, defino conflito como um momento de desacordo de opiniões, valores, decisões que pode culminar em momentos de mudança, pela oportunidade de enxergar um ponto de vista diferenciado a partir do conflito estabelecido, ou em briga, que afeta relacionamentos, ambientes de trabalho e, porque não mencionar, a paz interior.
Uma outra informação importante, diz respeito à maneira como as pessoas costumam encarar o conflito, quando percebem o surgimento do mesmo: há os que são tremendamente receosos e evitam o conflito a qualquer custo (mesmo que ele já exista, é melhor fingir que não está presente, para que quem sabe desta maneira venha a sumir); há aqueles que “curtem’ conflitos e acabam estimulando o aparecimento deles, porque gostam de brigar (mesmo que não reconheçam, muitas vezes apresentam um prazer curioso no surgimento do mesmo); e há os que possuem habilidade para lidar com conflitos. Destes três grupos, os dois primeiros, os “receosos” e os “briguentos”, acabam sendo mais comuns.
Parece claro compreender que estimular a violência dentro das organizações não é algo que agregue valor e estimule a produtividade, no entanto um conflito pode se estabelecer para fazer surgir a necessidade de mudança que se mostra presente em muitos processos organizacionais. A partir de uma discordância, quando tratada por alguém com habilidade de lidar com conflitos, as partes envolvidas buscam ouvir umas às outras, com vistas a explorar os aspectos que compõem determinada opinião e não focadas na tentativa de vencer uma batalha (como fazem aqueles que gostam de brigar), ou buscando evitar à todo custo a existência de um desacordo (como os que evitam um conflito, mesmo que ele já esteja existindo).
Cabe, portanto, considerar dois aspectos fundamentais: aos que gostam de “brigar”, cabe um estímulo à reflexão sobre os impactos do comportamento impulsivo, violento e muitas vezes sarcástico que se mostra comumente presente, estimulando-se o comportamento empático frente aos seu opositor e o olhar sobre o impacto do conflito no ambiente organizacional. Aos que são receosos, cabe estimular a coragem de enfrentar o desacordo de maneira a observar a validade que pode existir a partir deste. O que não se recomenda em nenhum nível é atuar em um desses extremos como parte da forma de agir da organização.
A inabilidade de atuar sobre conflitos, acaba tornando as empresas menos inovadoras, com uma tendência a simular emoções e esconder insatisfações, quando um conflito é trazido à tona ele já emerge acompanhado de uma certa dose de violência que afasta os envolvidos da possibilidade de ganho que o mesmo poderia trazer e, o que se mostra muito comum, ao tentar esconder insatisfações e impedir o diálogo maduro sobre as discordâncias, o clima organizacional fica negativamente comprometido e a confiança que deve existir para que equipes sejam produtivas e com resultados sustentáveis, também se esvai.
Qual a solução? Seja você Gestor e/ou profissional do time de Recursos Humanos aqui vão algumas dicas de ouro que valem todo o esforço para tem garantia de retorno garantido: Estimule que as pessoas busquem o autoconhecimento (quem são, do que gostam, o que alegra, o que incomoda). Estimule que as pessoas conversem e aprendam a encarar diferentes formas de pensar sem julgamento. Estimule a aproximação e o diálogo entre as pessoas. Estimule o compartilhamento de emoções.
Sim, é desafiador e precisa ser contínuo para que funcione. Minha experiência mostra que somente por este caminho o ambiente organizacional estará suficientemente preparado para que conflitos passem a ser um veículo que proporciona o amadurecimento das pessoas envolvidas, da organização como um todo e que também estimulem mudanças. Experimente e observe que se permitindo este tipo de vivência você poderá conhecer um pouco mais sobre si mesmo e sobre a organização em que se encontra.
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17/04/2020