Fábio Quartarolli – Comprometimento no trabalho
Fábio Quartarolli
Gestor de Recursos Humanos
Positivo, GVT
Os dias atuais se mostram cada vez mais difíceis e desafiadores para aqueles que empreendem e que buscam através do sucesso de suas organizações, promover emprego e renda em nosso país.
De um lado o poder público que impõe uma altíssima carga tributária, onde não se pode promover muitas ações efetivas para minimizar seus efeitos. Do outro um dos maiores desafios, que apesar de estar dentro dos domínios da organização, não se mostra nem um pouco fácil: gerir o profissional moderno, principal ativo das empresas.
O profissional da atualidade não se motiva apenas com bons salários e benefícios. Também não admite qualquer forma retrógrada de gestão, como regras rígidas, assédio moral e estresse ocupacional. Assim sendo, é consenso a necessidade contínua de se desenvolver formas de estimular, motivar, engajar e manter a força de trabalho comprometida em prol dos objetivos da organização.
Nesse contexto, cercado por um cenário econômico instável, o desafio de selecionar, desenvolver, reter e comprometer os melhores profissionais é vital, já que daí pode surgir o tão importante diferencial competitivo da empresa.
Diversas empresas e gestores fazem tentativas de comprometer seus trabalhadores, na maioria das vezes com contrapartidas financeiras, o que isoladamente, se mostra ineficiente a médio e longo prazo.
Mesmo com muito investimento, não se garante que o trabalhador estará comprometido, uma vez que em cada indivíduo existem expectativas particulares e em intensidades difusas.
Mas qual o perfil do profissional comprometido?
Um profissional realmente engajado tem um elevado nível de preocupação com o desempenho da organização, tendo maiores chances de ocupar posições estratégicas, sejam técnicas ou de gestão, demonstrando um nível de participação diferenciado, disposição para superar metas, altos índices de performance e respeito a instituição, tornando-se inclusive um defensor ativo da desta.
Esse trabalhador deve ser reconhecido, premiado, ter suas necessidades atendidas e ser empoderado, com o objetivo de reforçar positivamente sua postura e mantê-lo motivado.
Na prática, deve-se estabelecer ações em todos os subsistemas de gestão de pessoas, formando uma estrutura articulada de fortalecimento do comprometimento dos trabalhadores.
Desde o primeiro contato do candidato com a organização no processo de seleção, deve-se primar pela transparência, através da divulgação de informações claras, compatíveis com o processo, com a posição em aberto e seus requisitos. Recomenda-se uma avaliação dos candidatos já nesse estágio para identificar os comportamentos desejados pela empresa, dentre eles o comprometimento.
No processo de desenvolvimento, deve-se aproveitar os pontos fortes do profissional, incentivando a pró-atividade e a criatividade, minimizando a visão controladora e obsoleta de simples conformidade e adaptação as regras. Essa premissa pode contribuir com o sentimento do trabalhador de reconhecimento das suas qualidades e do potencial de contribuição existente nele.
De forma coerente, a avaliação do desempenho do trabalhador também deve ser realizada de forma clara e constante, utilizando-se de feedback oportuno, direcionado, específico e esclarecido. Essa prática pode ajudar na percepção de justiça e honestidade com relação a gestão. Outro ponto importante é a disponibilização de uma estrutura organizacional que permita opções de progressão profissional tanto na área técnica como na área de gestão, oportunizando ao trabalhador projetar sua carreira junto a essa estrutura e assim, traçar seus objetivos dentro desse contexto.
Na área de remuneração e benefícios, práticas já conhecidas como benefícios flexíveis e personalizáveis, que impactem também nas famílias dos profissionais favorecerão o comprometimento e contribuirão na avaliação positiva do pacote de remuneração, transformando-o em diferencial competitivo. Recomenda-se fortemente no quesito política salarial a prática de critérios claros e objetivos, reforçando aos trabalhadores a visão de igualdade de condições e oportunidades.
Por fim, um modelo de gestão moderno que incentive a autonomia e a auto-regulação, o trabalho em grupo e a colaboração contribuirá para o estabelecimento de uma cultura de comprometimento sólida, que atrelada as demais práticas sugeridas criará um ambiente favorável aos objetivos da organização.
O desenvolvimento de práticas de gestão de pessoas que colaborem com o comprometimento do trabalhador deve ser uma busca constante, sempre com foco em desenvolver, descentralizar e reconhecer seus empregados que mais inspiram confiança, capacidade de envolvimento e realização, mesmo que estes não permaneçam na organização indefinidamente.
Por outro lado, para atingir os anseios desejados e favoráveis a esse ambiente é necessário avançar cada vez mais na modernização da legislação trabalhista. Um conjunto de leis rígidas e defasadas gera insegurança jurídica nas organizações, engessando os vínculos trabalhistas e desfavorecendo o crescimento do mercado de trabalho.
Em conjunto, se cada indivíduo e organização tem seus objetivos e necessidades particulares e o atendimento destes, cria um ambiente propício ao comprometimento no trabalho, a flexibilização das relações trabalhistas é essencial.
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17/04/2020